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sábado, 23 de julho de 2011

Mais uma lua de Plutão

E aí está, uma vez mais Plutão a dar que falar. Utilizando o Telescópio Espacial Hubble, uma equipa liderada por Mark Showalter, do SETI, descobriu mais uma pequena lua em Plutão, elevando assim o número de luas conhecias para 4. A maior, Caronte, com cerca de 1200 km de diâmetro, foi descoberta em 1978 por James Christy, do Observatório Naval dos Estados Unidos. Em 2005, utilizando o Hubble, Nix e Hydra são descobertas por Hal Weaver e colaboradores, devendo os seus diâmetros situarem-se entre os 50 e 150 km. E agora, de novo utilizando o Hubble, é descoberta a provisoriamente designada S/2011 (134340) 1, ou S/2011 P 1, com um diâmetro estimado de 15-30 km. Note-se que 134340 é o número oficial da União Astronómica Internacional para o pequeno corpo Plutão que pode ter sido despromovido do estatuto de planeta mas parece possuir um forte marketing.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"Os Dias do Futuro" na Antena 1

Irá para o ar neste Sábado 28, às 14:08, na Antena 1, o programa "Os Dias do Futuro" de Edgar Canelas que desta vez tem como tema: os pequenos corpos do Sistema Solar. Tiveram a gentileza de me convidar. Não sendo o programa em directo ao referirem o meu blog moribundo senti-me na obrigação de o reanimar. Os programas anteriores podem ser descarregados da página do próprio programa na Antena 1.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

O Planeta Anão Eris: maior e mais maciço que Plutão.

O objecto trans-Neptuniano, e planeta anão, Eris, volta à carga. Mike Brown e Emily Schaller, publicaram na revista Science a medição da massa conjunta de Eris e sua lua Dysnomia através dos parâmetros orbitais da lua Dysnomia (ver os links).

Para a determinação da órbita de Dysnomia foram utilizados o telescópio de 10 metros Keck (Mauna Kea, Hawaii) e o Telescópio Espacial Hubble (de 2.4 metros).

A lua Dysnomia, orbita em torno de Eris a uma distância de 17430 km com um período orbital 15.77 dias. Eris e Dysnomia, juntos, possuem uma massa de 1.66x10^22 kg, ou seja: 27% mais maciços que Plutão. Dado o diâmetro de 2400 km de Eris, conclui-se que possui uma densidade de 2.3 g/cm^3. Um valor semelhante ao dos maiores Objectos Trans-Neptunianos que contrasta com as densidades típicas dos trans-Neptunianos mais pequenos (menores que 1 g/cm^3).

Estes resultados parecem confirmar que os Objectos Trans-Neptunianos mais pequenos são mais porosos e menos ricos em material rochoso que os maiores.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Plutão: uma questão de Estado!?

A questão do estatuto de Plutão parece persistir para além do razoável. O estado do Novo México (EUA) pretende declarar Plutão como um planeta e chamar ao dia 13 de Março o "Dia do Planeta Plutão", ainda que aparentemente apenas este ano (ver os links para esta notícia e para a proposta legislativa ).

A descoberta de Plutão foi anunciada a 13 de Março de 1930, por Clyde Tombaugh. O anuncio foi propositadamente feito nesse dia por ser também o dia do aniversário de Persival Lowell. Lowell tinha proposto a existência de um planeta para além de Neptuno, chamando-lhe Planeta-X. Apesar dos seus esforços para detectar o Planeta-X, chegando a fundar o Observatório Lowell (Flagstaff, Arizona, EUA), faleceu em 1916 não o conseguindo observar.

A definição de planeta pode ser algo subjectiva e delicada. Mas, na verdade, do ponto de vista do estudo de Plutão pouco importa como é classificado. Está lá, é interessante, logo estuda-se. A proposta do Novo México até é engraçada se a virmos como elogio fúnebre. Mas se a moda pega ainda poderemos começar a ver o "Dia da Terra Plana", o "Dia do Geocentrismo", ou mesmo o "Dia do Criacionismo".

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Plutão não é um planeta

Em 1992, Jewitt & Luu identificam o primeiro Objecto Trans-Neptuniano: 1992QB1. A Cintura de Kuiper, cuja existência se especulava desde os anos 30, fora descoberta. Presentemente, já foram identificados mais de 1200 objectos na Cintura de Kuiper. Fazendo parte desta cintura, Plutão viu a sua a classificação como planeta comprometida. Após o anúncio da descoberta de Eris (2003UB313) por Brown, Trujillo & Rabinowitz, em 2005, Plutão ficou definitivamente condenado.

A questão pode parecer estranha mas não existia uma definição estrita de planeta. A distinção entre planeta e estrela é ainda assunto de bastante debate no que concerne aos planetas extra-solares. Porém, relativamente ao Sistema Solar todos acreditávamos saber quem era e quem não era planeta. Bastou uma reunião para se concluir que não o sabemos como gostaríamos.

A União Astronómica Internacional (IAU), na sua XXVI Assembleia Geral, em Praga, de 16 a 24 de Agosto de 2006, propunha-se a estabelecer uma definição de planeta. A proposta inicial, na sua essência, estabelecia apenas a massa e a esfericidade como critérios para que um objecto que não fosse um satélite fosse um planeta. De certa forma estabelecia-se que apenas o tamanho interessava: Plutão continuaria um planeta. Porém, após imenso debate foi decidido tomar também em consideração, como critério adicional, o controlo gravitacional da sua região orbital. Ou seja, era agora também necessário ter limpado a sua região orbital de outros objectos: Plutão já não seria um planeta. Foi também acordado que a definição de planeta se restringiria apenas aos objectos do Sistema Solar. Os planetas extra-solares continuam sem uma definição precisa.

No dia 24, foi aprovada a Resolução 5A [tradução do site da IAU ]:

"[...] A IAU decide, consequentemente, que “planetas” e outros corpos no nosso Sistema Solar, excepto satélites, sejam definidos em três categorias distintas da seguinte forma:

(1) Um “planeta" (ver nota 1) é um corpo celeste que (a) está em órbita em torno do Sol, (b) tem massa suficiente para que sua auto-gravidade supere as forças de corpo rígido de modo que assuma uma forma de equilíbrio hidrostático (quase esférica), e (c) limpou a vizinhança em torno de sua órbita. 

(2) “Um planeta anão” é um corpo celeste que (a) está em órbita em torno do Sol, (b) tem massa suficiente para que sua auto-gravidade supere as forças de corpo rígido de modo que assuma uma forma de equilíbrio hidrostático (quase esférica) - ver nota 2-, (c) não limpou a vizinhança em torno de sua órbita, e (d) não é um satélite.

(3) Todo os restantes objectos (ver nota 3), excepto os satélites, que orbitam o Sol serão denominados colectivamente como “pequenos corpos do Sistema Solar”.

Nota 1: Os oito “planetas” são: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, e Neptuno.
Nota 2: Será criado um processo da IAU para colocar os objectos do limiar na categoria de planeta anão ou noutras categorias.
Nota 3: Estes incluem, actualmente, a maioria dos asteróides do Sistema Solar, a maioria dos Objectos Trans-Neptunianos (TNOs), cometas e outros pequenos corpos."

Foi também aprovada a Resolução 6A:

"[...] A IAU decide também:

Plutão é um “planeta anão” pela definição anterior e é reconhecido como o protótipo de uma nova categoria dos objectos trans-Neptunianos (ver nota 1).

Nota 1: Será criado um processo da IAU para seleccionar um nome para esta categoria."

Confesso que me agrada a despromoção de Plutão. Se Plutão tivesse sido descoberto depois de 1992 nunca teria sido classificado como planeta. Objectivamente ou não, as palavras são importantes. Porém, a nova definição possui os seus quês. Subjectivamente, não me parece muito feliz a escolha do termo "planeta anão" para algo que não é um planeta. Objectivamente, os conceitos 1b-2b e 1c-2c são mais vagos do que possa parecer e poderão surgir problemas. Não que tenha ouvido ideia melhor, note-se. O problema aqui resume-se ao Paradoxo de Sorites, atribuído a Eubulides de Mileto, que o Doutor Nuno Crato gosta de citar. Ou seja: em que ponto um monte de trigo deixa de ser um monte de trigo à medida que eu tiro grãos de trigo?

Se existirem objectos muito próximos do limiar de transição entre planeta anão e pequeno corpo, como provavelmente existirão, iremos ter situações em que um dia o objecto é um pequeno corpo por 1 km de diâmetro e no outro será um planeta anão porque foi obtida uma medição mais precisa do seu diâmetro. A questão de limpar a vizinhança será também delicada. Qual o número máximo e o tamanho mínimo de poeiras / pequenos corpos permitidos na vizinhança para que esta se considere limpa? Problemas como estes farão a delícia dos descontentes com a despromoção de Plutão.

Mas... do ponto de vista científico, será esta questão verdadeiramente importante? Em minha opinião: na prática sim, em teria não. Não: porque em teoria a Ciência não se interessará mais ou menos por Plutão, ou qualquer outro objecto, por causa de uma classificação subjectiva. Sim: porque a Ciência também vive de impactos sociais e políticos. No entanto, deste ponto de vista, penso que o saldo será positivo. Plutão pode ter perdido alguma importância aos olhos da sociedade mas, de repente, todos os outros planetas anões ganharam-na.

Notas: São imensos os artigos e opiniões sobre esta questão. Há, no entanto, dois sites de visita obrigatória: a página de David Jewitt, com particular ênfase para o artigo (em inglês) "On Pluto, perception & planetary politics", e a página de Mike Brown, um dos descontentes com a despromoção.